No Brasil, estima-se que as perdas na pós-colheita de grãos cheguem a 10% da produção total, segundo a Conab e a Embrapa. Isso significa que bilhões de reais deixam de entrar no caixa de produtores e indústrias todos os anos, apenas por falhas de controle nessa fase da cadeia produtiva.
Entre os fatores mais críticos, a umidade ocupa o topo da lista. Um grão mal seco, armazenado com água acima do nível seguro ou transportado em condições inadequadas pode comprometer a qualidade, reduzir o valor de mercado e até inviabilizar a comercialização.
É nesse contexto que surge a pergunta: como otimizar a lucratividade da pós-colheita? A resposta passa pelo uso inteligente da medição de umidade em tempo real, associada a boas práticas de secagem, armazenagem e transporte.
O desafio da pós-colheita: por que tantas perdas ocorrem?
A fase pós-colheita envolve várias etapas — recebimento, pré-limpeza, secagem, armazenagem e expedição. Em cada uma, decisões erradas podem gerar prejuízos.
- No recebimento, misturar lotes com diferentes níveis de umidade aumenta o risco de deterioração.
- Durante a secagem, a falta de controle pode resultar em consumo excessivo de energia ou em secagem insuficiente.
- Na armazenagem, o equilíbrio entre umidade e temperatura é vital para evitar fungos, micotoxinas e pragas.
- No transporte, grãos fora da especificação podem ser rejeitados pelo comprador, causando perdas financeiras e logísticas.
Segundo dados da FAO, em países tropicais, até 30% da produção agrícola pode ser perdida após a colheita quando não há gestão adequada de umidade e armazenamento.
A importância da umidade na pós-colheita
O teor de água nos grãos é determinante para três fatores-chave da rentabilidade:
- Qualidade – grãos bem conservados mantêm valor nutricional e físico.
- Peso comercial – excesso de secagem reduz peso e rendimento.
- Segurança – altos teores de umidade aceleram a deterioração biológica e microbiológica.
A tabela abaixo mostra a faixa ideal de umidade para armazenagem de alguns grãos comuns:
Produto | Umidade segura para armazenagem (%) | Risco acima desse valor |
---|---|---|
Milho | 12–13% | Proliferação de fungos e aquecimento |
Soja | 11–12% | Formação de micotoxinas e queda da qualidade de óleo |
Trigo | 12–13% | Diminuição da força do glúten e presença de pragas |
Feijão | 12–13% | Perda de coloração e sabor, deterioração rápida |
Arroz em casca | 12–13% | Quebras na industrialização, fungos e fermentações |
Como otimizar a lucratividade da pós-colheita em cada etapa
A seguir, detalhamos como a medição de umidade em tempo real atua como ferramenta estratégica para cada fase.
1. Recebimento: separando lotes e evitando riscos
No momento em que os grãos chegam à unidade, é preciso medir rapidamente a umidade. Essa informação permite direcionar o lote:
- grãos dentro da faixa segura podem ir direto para armazenagem;
- grãos acima do limite devem seguir para secagem imediata.
Benefício: evita contaminação cruzada entre lotes, reduzindo perdas que poderiam chegar a 3–5%.
2. Durante a secagem: eficiência energética e preservação da qualidade
A secagem é uma das etapas que mais consomem energia. Quando feita sem medições precisas, dois problemas comuns ocorrem:
- Subsecagem: grãos ainda úmidos seguem para armazenagem, aumentando risco de deterioração.
- Supersecagem: além do desperdício de energia, há redução do peso comercial e quebra dos grãos.
A medição em tempo real possibilita ajustar continuamente temperatura e fluxo de ar, economizando até 20% de energia e preservando o rendimento do lote.
3. Após a secagem: validação do ponto ideal
Antes de liberar o lote para o silo, é fundamental confirmar que o teor de umidade atingiu o valor ideal. Essa checagem final garante que a operação anterior atingiu o objetivo, evitando retrabalhos e prejuízos.
Benefício: estabilidade do produto e prolongamento do tempo de armazenagem sem perdas.
4. Armazenagem: monitoramento contínuo
Mesmo após a secagem correta, a umidade pode variar dentro do silo devido à condensação, infiltração ou variação de temperatura. Sensores contínuos permitem identificar pontos de risco antes que se transformem em problemas.
Benefício: redução de perdas por fungos e aquecimento, que podem comprometer até 8% do volume estocado.
5. Transporte: conformidade e competitividade
Compradores nacionais e internacionais exigem especificações rigorosas de umidade. Um carregamento fora do padrão pode resultar em penalidades ou devolução da carga.
Benefício: confiança do cliente, valorização comercial e redução de custos logísticos.
Como otimizar a lucratividade da pós-colheita com dados em tempo real
Ao substituir métodos manuais por sensores e sistemas automatizados, o produtor ou indústria ganha:
- Agilidade na tomada de decisão – sem depender de análises demoradas em laboratório.
- Padronização da qualidade – cada lote é entregue dentro das especificações exigidas.
- Gestão integrada – dados podem ser registrados, analisados e usados em relatórios de desempenho.
- Maior previsibilidade – operadores conseguem planejar melhor a logística de secagem, armazenagem e transporte.
Exemplo prático: medição contínua de umidade
Ferramentas como o UmiGrain permitem leituras instantâneas e registros históricos de umidade, integrando-se à linha de produção. Ao utilizar esse tipo de tecnologia, o gestor consegue:
- Encaminhar lotes corretamente já na entrada.
- Reduzir gastos com combustível durante a secagem.
- Garantir que os grãos saiam do secador no ponto exato.
- Monitorar silos com maior confiabilidade.
- Evitar rejeições comerciais durante o transporte.
Resultado: aumento da lucratividade por redução de perdas, economia de energia e maior valorização do produto final.
ROI da medição em tempo real: impacto financeiro
Item | Situação tradicional | Situação com medição em tempo real | Ganho estimado |
---|---|---|---|
Perdas em armazenagem | 5–10% do volume | 1–2% do volume | Economia de até 8 pontos percentuais |
Consumo energético na secagem | 100% (referência) | Redução de 10–20% | Economia direta nas contas |
Perda de peso por supersecagem | 1–2% do lote | Praticamente eliminada | Maior rendimento e faturamento |
Penalidades/rejeições em transporte | Frequentes | Raras | Redução de custos e maior confiança comercial |
Boas práticas complementares para potencializar resultados
Além da medição de umidade, algumas práticas fortalecem o processo de otimização:
- Controle de temperatura nos silos – reduz proliferação de fungos.
- Ventilação uniforme – evita pontos de condensação.
- Pré-limpeza eficiente – remove impurezas que retêm umidade.
- Manutenção de equipamentos – sensores e secadores precisam estar calibrados.
- Capacitação da equipe – operadores bem treinados interpretam dados e tomam decisões rápidas.
Conclusão
A pergunta “como otimizar a lucratividade da pós-colheita” tem uma resposta clara: investir no controle de umidade em tempo real, aliado a práticas de secagem, armazenagem e transporte inteligentes.
Essa estratégia reduz perdas, economiza energia, assegura a qualidade e valoriza o produto. O retorno financeiro não está apenas em evitar desperdícios, mas também em conquistar mercados mais exigentes e alcançar preços mais competitivos.
O futuro da pós-colheita está na informação precisa. E quem utiliza a medição de umidade como ferramenta estratégica já está um passo à frente.
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